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O ATOR, A PRISÃO, A PEÇA - 22.08.24


Por Eugênio Esber - Jornalista

 

Renato Duque contou que, depois de deixar a Petrobras, teve três encontros com Lula


Sem alarde, a imprensa noticiou que, no sábado (17), a Polícia Federal prendeu em Volta Redonda (RJ) o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Ele estava foragido desde que, um mês atrás, foi condenado em definitivo a cumprir 39 anos de prisão por corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A Operação Lava-Jato, aquela que muitos parecem ter esquecido por distração ou conveniência, revelou que a diretoria de Duque na Petrobras amealhou e geriu propinas pagas por empreiteiras que tinham contratos com o governo federal entre 2003 e 2012. Valor total das propinas: R$ 650 milhões.

Em 2017, Duque aceitou devolver mais de 20,5 milhões de euros que possuía em contas na Suíça e firmou acordo de delação com as autoridades de um país que ainda se importava com corrupção. Suas palavras:

— Eu queria deixar claro, meritíssimo, que eu cometi ilegalidades. Quero pagar pelas ilegalidades, mas quero pagar pelas ilegalidades que “eu” cometi. (...) Se for fazer uma comparação com o teatro, eu sou um ator; (...) tenho um papel de destaque nesta peça, mas eu não fui e não sou nem o diretor nem o protagonista dessa história.

Pelas perguntas e recomendações que ouviu de Lula sobre contratos com a construtora de navios SBM e sobre o projeto de sondas, Duque contou ter ficado surpreendido com o nível de informação do então ex-presidente sobre tais assuntos
Duque contou que, depois de deixar a Petrobras, teve três encontros com Lula: em 2012, em 2013 e em 2014. Seus relatos, disponíveis ao público na internet (não sei por quanto tempo), são de envergonhar os brasileiros que um dia acreditaram no partido fundado em 1980 sob a promessa de não roubar e não deixar roubar. 

Pelas perguntas e recomendações que ouviu de Lula sobre contratos com a construtora de navios SBM e sobre o projeto de sondas, Duque contou ter ficado surpreendido com o nível de informação do então ex-presidente sobre tais assuntos.


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PROTEGER A DEMOCRACIA???


Por Roberto Rachewsky

 

"É para proteger a democracia", dizem os esquerfistas em geral.
Na cabeça deles, democracia é quando eles estão no poder. Quando são os outros, é ditadura.
A linguagem que esses defensores da democracia usam é pervertida. Eles embalam uma ditadura e vendem como se fosse democracia. E os tolos, ou mal-intencionados, compram.
Você fica se perguntando, mas como isso é possível?
Eles conhecem o público cativo que eles mesmos vêm educando e doutrinando há décadas, nas escolas, pela mídia, nas igrejas, nas comunidades, com a propaganda e o assistencialismo barato. O povo se evade, sua percepção da realidade foi destruída com a perversão dos conceitos, a normalização da imoralidade e a corrupção das instituições.
Determinista, mística ou cética, a população, majoritariamente, vive da "mão para a boca", temendo ou cultuando a autoridade. Não sonham, não aspiram, não ambicionam, não têm autoestima. Quando ambicionam, não buscam praticar virtudes para sustentar seus desejos. Se sentem abençoados de sobreviverem mais um dia, mesmo como escravos do estado, mesmo como parte de um sistema parasitário. É assim, sempre foi, sempre será, acham.
Os manda-chuvas da democracia pervertida querem um povo relativamente livre para produzir, suficientemente controlado, regulado e tributado para sustentar os parasitas do topo à base da pirâmide, o que fará com que o sistema eleitoral esteja sempre a seu favor.
No governo anterior, a coerção estatal sobre os indivíduos diminuiu. A liberdade econômica aumentou. Isso caracteriza o caminho da servidão? Isso denuncia que estávamos indo para uma tirania? Para uma ditadura? É o que eles sempre quiseram que você acreditasse.
Eles nunca defenderam a democracia de verdade. O que eles sempre quiseram foi uma ditadura, desde que eles estivessem no poder.
Eles vêm tentando isso desde a década de 60. Finalmente conseguiram. Pense,  reflita, faça um exercício de introspecção e pergunte para ti mesmo se você não fez parte deste engodo.


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-Direitos Humanos- não é clube ou confraria - 14.08.24


Por Percival Puggina

 

 Há quem lide com questões de direitos humanos como se fossem prerrogativas dos sócios de um clube ou de membros de uma confraria. Afirmam como “direitos humanos” meras reivindicações políticas de grupos organizados que só são viabilizadas contra legítimos direitos alheios.

 

Os assim chamados “direitos humanos” são direitos naturais, ou seja, inerentes à natureza do ser humano. Eles foram referidos de modo notável em 1776 pela Declaração de Independência dos Estados Unidos quando fala em “direitos inalienáveis” entre os quais estão “a vida, a liberdade e a busca da felicidade”. Há, contudo, uma infinidade de outros direitos que se ligam aos respectivos titulares mediante aquisição, herança, delegação, representação, mérito, etc.

 

Os identitarismos levam a buscar para grupos específicos, certos direitos seletivos, como se fossem “direitos humanos”, que geram benefício a alguns à custa dos demais. O aborto é o mais eloquente exemplo do que descrevo. Ele é um reclamado “direito” que só se realiza contra o direito à vida do nascituro. Há muitos outros, porém. Desencarceramento em massa, desarmamento geral da população ordeira, redução das penas privativas de liberdade, indiscriminada progressão de regime prisional, descriminalização das drogas, desmilitarização das polícias militares, demasias do ECA, reivindicações LGBTQQICAAPF2K+ com incidência nas salas de aula, e mais as que confrontam direitos de propriedade. São postulações feitas em nome de direitos “humanos” que afetam a segurança, a vida e os bens dos cidadãos. As pessoas simplesmente cansaram dessa conversa fiada! Percebem no seu cotidiano aonde isso levou o país.

 

Quando militantes do MST invadem uma propriedade rural, os ditos defensores dos direitos humanos repudiam toda reação policial ou judicial como “criminalização dos movimentos sociais”. Algo tão ilógico, tão falso, só pode ser afirmado e publicado nos jornais porque desonestidade intelectual é um desvio moral, mas não é crime. É desse tipo de desonestidade que se nutriu, durante longos anos, o discurso dos tais defensores de “direitos humanos”. A nação entendeu e, majoritariamente, passou a rejeitar.

 

Pelo viés oposto, basta que a atividade policial legítima, desejada pela sociedade com vistas à própria segurança, seja compelida a usar rigor com o intuito de conter uma ação criminosa, para que os mesmos falsos humanistas reapareçam “criminalizando” a conduta policial. Anos de observação desses fenômenos evidenciaram a preferência de tais grupos pelos bandidos. Enquanto estes últimos prosperam e mantém a população em permanente sobressalto, aqueles, os supostos defensores de direitos humanos, inibem a ação que protege a sociedade. Assim agindo, elevam os riscos dos que a ela se dedicam e concedem mais segurança aos fora da lei. Vítimas e policiais não têm direitos nessa engenhoca sociológica.

 

Não bastassem os fatos concretos, objetivos, testemunhados milhares de vezes por milhões de cidadãos comuns, as correntes políticas que se arvoram como protetoras dos mais altos valores da humanidade mantêm relações quase carnais com ditadores e regimes que fazem o diabo em Cuba, Venezuela, Nicarágua, Coreia do Norte e Irã.

 

As pessoas veem e sabem que o nome disso é hipocrisia.


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SENHOR DEZ POR CENTO - 13.08.24


Por André Burger - Economista e pensador

 

Faleceu Delfim Netto, economista da USP e influente tecnocrata e político de vários governos. Durante o regime militar, foi ministro da fazenda no governo Costa e Silva e Medici, embaixador em Paris no governo Geisel e ministro da agricultura e planejamento no governo Figueiredo. Com o retorno à democracia, em 1986, se elegeu deputado federal. Mais recentemente, era conselheiro de Lula.

 

Economistas brasileiros das mais variadas escolas de pensamento exaltaram o falecido. No site do jornal Valor de hoje (12.08), comentaram as imensas contribuições de Delfim ao País, sua sensibilidade para entender os problemas econômicos e seu espírito público. Um deles chega a considerá-lo o maior e mais influente economista do Brasil. Realmente a morte limpa os currículos, pois a gestão de Delfim na economia teve resultados desastrosos, colocando-o entre os mais incompetentes dos nossos economistas. Basta observar, durante seu tempo à frente da economia, o crescimento do endividamento público, as políticas de subsídios setoriais, o tabelamento de preços, o aumento do tamanho do estado e principalmente a inflação. Como ministro da fazenda, nos anos Costa e Silva e Médici, a inflação foi em média de 21% ao ano (calculada pelo IGP-DI da FGV) e como ministro do planejamento, sob Figueiredo, de 142% ao ano.É importante notar que o banco central, a autoridade monetária responsável pela manutenção do poder de compra da moeda, estava sob sua pasta nesses três governos.

 

Porém, a atividade de Delfim não se resumiu a depauperar a economia e destruir a moeda. Participou ativamente da criação do AI-5, aumentando o autoritarismo no País, do que nunca se arrependeu. Delfim se utilizou do autoritarismo para manipular as estatísticas econômicas oficiais mostrando inflações menores e crescimento econômico superior. Perseguiu jornalistas que criticavam a condução da economia. Como embaixador, no governo Geisel, foi objeto de detalhado relatório feito pelo adido militar na França, Coronel Raimundo Saraiva, segundo o qual Delfim e amigos teriam recebido propina para facilitar negócios de bancos franceses no Brasil. Nesse relatório, é dito que Delfim era conhecido no mundo diplomático francês como “Monsieur Dix pour Cent”.

 

Delfim Netto foi eleito deputado federal por São Paulo em 1987 reelegendo-se até 2007. Nesses 20 anos, foi líder ativo do venal Centrão. Em 2005, Delfim aparece como investigado na Lava-Jato por receber propina relacionada a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, em montante de 10% do total que iriam para os partidos PMDB e PT, cabendo-lhe estimados R$ 15 milhões por contratos fictícios de consultoria.

 

Lula, em nota de pesar, diz: “Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período”. Nada surpreende essa manifestação do presidente. Desde 2002, primeira eleição de Lula, trocavam amabilidades. Delfim assumiu os conselhos da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) e do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Em 2022 Delfim festejou as decisões do STF que permitiram Lula se candidatar à presidência.

 

Interessante que Delfim e Lula se assemelham em muitos aspectos. A simpatia por medidas e regimes autoritários. O envolvimento em casos de corrupção. A visão intervencionista do estado na economia. O centralismo administrativo. Enfim, aquilo tudo que sabemos, há muito tempo, ser danoso ao desenvolvimento da sociedade, fazendo perdurar a pobreza e a dependência do indivíduo ao estado.

 

Definitivamente um personagem da nossa história cuja morte não me compadece.


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