Por Alex Pipkin
O Brasil é como o sapo na panela.
A água vai esquentando devagar. A inflação, a mediocridade, a perda de competitividade, a decadência da educação, as farsas identitárias — tudo sobe de temperatura. Mas ninguém salta.
Acomodado, o país segue imóvel, esperando que o calor desapareça por si. Mas não vai.
Porque o Brasil não está em crise; está em negação.
Não falta talento, nem recursos, nem ideias. Falta horizonte.
Transformamos a procrastinação em identidade institucional.
Adiar reformas e decisões difíceis virou tradição nacional. Desde a fundação do país, os projetos que não rendem votos imediatos são empurrados para depois.
Vivemos numa adolescência política — presos à mentalidade do prazer imediato.
Queremos aplauso agora, conforto agora. E, em troca, sacrificamos o futuro.
Mas a ironia é cruel. Essa fuga da dor presente é justamente o que prolonga a dor.
Governos populistas sabem disso. Não trabalham por um projeto de país, mas por um projeto de voto.
Não constroem políticas sustentáveis, apenas promessas descartáveis.
O Estado se transformou num distribuidor de dopamina coletiva: vende alívio momentâneo enquanto alimenta a pobreza e a dependência.
Quando investe, muitas vezes o faz em farsas ideológicas, tais como em eventos caricatos sob o rótulo da “diversidade” que sequestram o orçamento das universidades, enquanto a ciência com “C” maiúsculo é desprezada.
Drag queens nos auditórios, laboratórios fechando. Um país que abdica da excelência, em nome do espetáculo.
O populismo não evita a dor. Ele entrega uma dor estéril, paralisante. Uma dor que mantém o país no mesmo lugar.
Já a dor do desenvolvimento — essa sim — é fértil.
É a dor das reformas, da reconstrução, da inovação.
É a dor que move a destruição criativa, abre novos mercados, empregos, riqueza.
Mas o Brasil rejeita essa dor como se fosse um vírus.
Inovar virou afronta. Mexer em privilégios, tabu. Correr riscos? Heresia.
Por aqui, o esporte favorito dos populistas é inverter incentivos:
— premiam o obsoleto,
— punem o produtivo,
— desencorajam o risco,
— sabotam o novo.
O voto é o motor perverso disso tudo. Rejeita qualquer sacrifício no presente, mesmo quando é o preço de um amanhã melhor.
A biologia humana explica: temos aversão à dor imediata.
Mas, no Brasil, esse instinto virou política de Estado.
Os incentivos estão de cabeça para baixo.
Governos são premiados não por gerar prosperidade, mas por manter a dependência. O curto prazo virou ideologia. A mediocridade, uma estratégia de poder.
O país envelhece sem amadurecer. Cresce em estatísticas, mas não se desenvolve. Industrializa-se sem inovar. Urbaniza-se sem civilizar.
É uma nação emocional, o reino da sinalização de virtude, onde adultos agem como crianças mimadas, exigindo o doce agora e culpam os outros pela cárie depois.
O Brasil é um corpo que rejeita o antídoto — prefere conviver com o veneno que conhece.
Recusa o sacrifício necessário e escolhe, de novo e de novo, a dor da estagnação.
Estamos, mais do que nunca, diante de uma escolha simples, porém dolorosa:
Ou aceitamos a dor fértil do desenvolvimento — com reformas, inovação, responsabilidade — ou continuamos presos à dor estéril do populismo e da dependência perpétua.
A escolha está posta. O tempo corre. E a história não será generosa. Pois até quando?